terça-feira, 20 de agosto de 2013

(1993) “City Hunter” – A melhor adaptação de Street Fighter para o cinema (em live-action)





Geralmente quando eu uso o termo “didimocozação” é de forma depreciativa. Uso para mostrar o erro que cometem algunos produtores de cinema de pegar uno filme ou série séria e esculhambá-la sem piedade e de forma desnecessária. Pois no caso de “City Hunter”, “didimocozação” é algo positivo, pois é coerente com a carreira do ator principal do filme, no caso, Jackie Chan, o Didi Mocó do Extremo Oriente (ecco, isso é uno elogio).



É diferente você didimocozar uno filme do Chuck Norris e uno filme do Jackie Chan. Chuck Norris começou sua carreira como uno ator de filmes sérios de ação, enfrentou Bruce Lee na tela grande, fez grandes filmes de ação, criou uno personagem para si e una série de filmes para esse personagem (“Braddock”, que ajudou a dar origem aos "Chuck Norris Facts"). Já Jackie Chan, sempre calcou sua carreira em ser una versão oriental do Buster Keaton, famoso ator do cinema mudo, astro de comédias pastelão, o chamado humor físico ou slapstick, como gostam de falar os anglófilos. Quando quiseram fazer dele uno policial durão e boca suja em “A Fúria do Protetor” ele tratou de non deixar que o filme original fosse distribuído em Hong Kong sem passar pela sua edição, que cortou os palavrões e inseriu unas cenas suas lutando ao seu estilo, mais circense, espalhafatoso, quase como Didi Mocó em “Dois na Lona” ou “Os Trapalhões e o Mágico de Oroz”, daí a comparação.



Para vocês terem uma idéia de como o filme é didimocozado, ele começa com o parceiro de Jackie (eles são detetives particulares) sendo vítima de uma emboscada. Depois de ser alvejado pelos criminosos, Jackie pergunta a ele como se sente,veja o que ele responde (é meus amicci, o negócio é daí para baixo... E é bom!):



Ao morrer, o parceiro pede que Jackie cuide de sua prima Kaori, contanto que ele non a seduza. Tarefa fácil de cumprir quando Kaori é apenas una bambina, mas bambinas crescem, o que non faz muita diferença para City Hunter (o nome do personagem de Jackie Chan no mangá no qual ele é baseado é Ryu Saeba, mas no filme só o chamam de City Hunter), pois ele é uno mulherengo que sempre se imagina cercado por várias mulheres diferentes e nem dá bola para sua assistente, que morre de ciúmes dele.



Aliás, essa cafajestagem de City é o que garante a primeira grande performance de Jackie Chan no filme, quando ele é vítima de uma emboscada arquitetada pelas namoradas dos ragazzos que ele prendeu e tenta se livrar das cordas que lhe puseram e escapar da vingança das chinas.






Como (nem tanto) bom detetive que é, logo ele é chamado para resolver uno caso. Enciumada com o novo relacionamento do pai, filha do proprietário de uno importante jornal do Japão (apesar do filme ser de Hong Kong, os personagens são japoneses, assim como o mangá) resolver fugir de casa e City deve recuperá-la. Como é uno detetive de merda, acaba perdendo a bambina, que rouba a roupa de uno ragazzo e, graças a uno passaporte encontrado nos bolsos de seu paletó, acaba embarcando em uno cruzeiro.


O filme é tão pastelão, que City acaba indo parar no mesmo cruzeiro que a japa, mas non porque seguiu a pista certa e sim, porque sua assistente ficou fula de tê-lo visto com as namoradas dos bandidos (achou que fosse uma festa particular dele) e embarcou no tal cruzeiro para se esquecer do detetive mulherengo. Ou seja, eles se encontram por mero acaso, como em uno genuíno filme de comédia.



Por mero acaso também, o tal navio é atacado por perigosos terroristas, liderados pelo Coronel McDonald (ecco, é esse o nome.), interpretado por Richard Norton (ex-guarda-costas dos Rolling Stones, fez o ninja Kyo que enfrenta Chuck Norris em “Octagon”), cujo principal capanga é Gary Daniels (esmurrou Jet Li e Jason Stataham ao mesmo tempo em “Mercenários”), que irá protagonizar duas seqüências de luta com Jackie Chan, sendo uma delas memorável.



Por acaso também, a riquinha fugitiva acaba ouvindo os planos dos terroristas e vira alvo deles, quando o acaso resolve agir novamente e a põe frente à frente com City Hunter, que com seus talentos de detetive nunca iria encontrá-la, e aí passam a ser dois os alvos ambulantes.


Ao fugir dos farabuttos, City e a bambina vão para em uno cinema dentro do navio, em que está sendo exibido “Bruce Lee no Jogo da Morte”, mais precisamente a cena em que o chinês luta com o gigantesco Kareem Abdul Jabbar. A bambina revela a City que está impressionada com o tamanho do negão, ao que o detetive responde “Dou conta de dois desse aí”. Eis que aparecem justamente dois gigantes iguaizinhos ao Kareem bem na sua frente.






Eis que Jackie tem que buscar inspiração no filme que está passando na tela para poder derrotar os capangas, em uma seqüência em que ele “literalmente” conversa com Bruce Lee. Fantástico!



A partir daí, podemos destacar duas seqüências interessantes. Una é a primeira cena de luta entre Daniels e Chan, dentro do quarto de Kaori, depois de uma tentativa frustrada da assistente do detetive de seduzir o capanga para poder derrotá-lo. Una cena típica de luta de filmes do Jackie Chan, mas como toda cena de luta dele nunca passa batida, haja vista o verdadeiro balé que o chinês protagoniza com seu oponente.


Outra tentativa frustrada de sedução é a de una chinesa (assistente de una detetive particular que também está a bordo) com uno dos terroristas, que como é gay, ignora solenemente a mulher, dá-lhe unos trocentos socos na barriga (Esqueça Lei Maria da Penha aqui) e parte para cima do primo da Kaori, que aqui tem literalmente o “rabo” salvo pelas mulheres (Kaori, a detetive chinesa, sua assistente e a riquinha) em outra seqüência de ação circense, só que aqui sem Chan.


No dia seguinte é que chegamos ao ápice do filme. Depois de ser salvo pelas ragazzas de ser fuzilado pelos terroristas, Chan traz Daniels para o salão de jogos do navio e, após cair em una das máquinas de fliperama, temos aquela que é a cena que tornou esse filme famoso em todo o mundo: Gary Daniels, do nada, aparecfe vestido como Ken Masters de “Street Fighter II” e tem que enfrentar Jackie Chan vestido de “E-Honde” (cujo nome foi modificado por questão de patrocínio) e mais unos zés vestidos de Guile e Dhalsim e se não basatasse, depois de derrotá-los, é massacrado por uno Chan VESTIDO DE CHUN LI. É daquelas cenas que quando você vê da primeira vez non consegue acreditar no que viu!




No entanto é preciso destacar una cosa: É incrível que una paródia, completamente despretensiosa, consiga ser mais fiel ao jogo que lhe deu origem do que a “adaptação oficial” em live-action. O curioso é que o mesmo diretor desse “City Hunter”, Jim Wong, lançaria pocco tempo depois outro filme chamado “Future Cops” com personagens escancaradamente inspirados em “Street Fighter”, no entanto com nomes e roupas diferentes, por questões de direito autoral. Ou seja, esse filme de Jackie Chan é a melhor adaptação do jogo em uno filme com atores reais.



Por fim, depois de derrotar o testa-de-ferro Gary Daniels, chega o momento em que Chan tem que encarar o “last boss”, no caso McDonald, mas non sem antes protagonizar una cena fantástica com a detetive chinesa em que ele a segura pelos braços e sai rodando-a como uno dançarino de rockabilly enquanto ela dispara uma pistola presa a sua coxa para detonar vários terroristas.



E a luta entre eles non deve nada a seqüência com Daniels, pois ao contrário desta, é uma cena de mais de 7 minutos, bem coreografada e que consegue sustentar a adrenalina até o seu desfecho, com direito a moonwalking por parte de Jackie Chan. Una de suas melhores lutas no cinema.



Além dos personagens que já citamos, vale destacar também na trama, o japonês habilidoso com cartas que consegue se livrar de vários terroristas usando apenas uno baralho e dois chinas malucos que fazem una apresentação musical no meio do filme.



Enfim, “City Hunter” é uno daqueles filmes que junto com “Um kickboxer muito louco” seria uma espécie de “cartão de visitas” de Jackie Chan para quem ainda non o conhecesse no Ocidente (esqueça “A Fúria do Protetor”). Depois de unos três filmes, Chan estrelaria “Arrebentando em Nova York”, seu primeiro grande filme nos EUA. A partir daí vocês já conhecem a história. Espero ansiosamente ainda vê-lo bastante no cinema (talvez em “Hora do Rush 4”, talvez em “Mercenários 3”). Só espero que nunca mais façam filmes baseados em games que sejam mais ridículos que uma paródia tosca made in Hong Kong



O filme inteiro está disponível no You Tube em inglês e em português (e em outras línguas também, é só procurar).



Cotação:

7,5/10 cabeças de cavalo – Melhor que fazer filme com o Van Damme

Fontes:

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