quinta-feira, 3 de outubro de 2013

(1986)"Os Trapalhões e o Rei do Futebol" - A didimocozação de Pelé



Outubro é uno mês especial para o Pelé. Além de ser o mês de seu aniversário (23/10), de sua despedida do Santos (02/10/1974 - ontem fez exatos 39 anni)  e do Cosmos (01/10/1976 - anteontem fez exatos 36 anni) o mês iniciou com o anúncio dos atores que farão filme sobre sua infância e adolescência, que contará com roteiro dos irmãos Zimbalist, responsáveis pelo fantástico "Os dois Escobares". Por isso "O Poderoso Chofer" neste mês falará exclusivamente dos filmes de ficção estrelados pelo Rei ("Pelé Eterno" e "Isto é Pelé", talvez fiquem para otra ocasião). Fiquem atentos!






O que é pior? Uno filme ruim com uma premissa ruim ou uno filme com uma ótima sacada, mas mal executado? Imagino que a segunda opção, non? Pois é justamente o que acontece nesse “Os Trapalhões e o Rei do Futebol”, rodado em uma época “preguiçosa” do quarteto, com filmes feitos nas coxas e a toque de caixa (mais precisamente: Os Trapalhões no Reino da Fantasia e Os Trapalhões no Rabo do Cometa). Tão preguiçosa que o filme só tem 68 minutos (!!!) e as melhores piadas só acontecem nos últimos 6 MINUTOS! Isso mesmo! Nos últimos 6 minutos de filme estão as melhores piadas do filme, a saber:

Didi Mocó entusiasmado depois de marcar uno gol contra


Didi fazendo gol do meio de campo, com direito a Pelé se auto ironizando “Esse daí nem o Pelé fez!”.



Didi marcando outro “gol que Pelé non fez” (mais precisamente aquele em que ele engana Mazurkiewicz e chuta para fora. Só faltou a cabeçada que Gordon Banks defendeu)





Didi batendo escanteio e marcando gol de cabeça



Pelé defendendo uno pênalti e Didi cometendo otro em seguida ao colocar a mão na bola


Para non dizer que non há mais piadas boas no filme, o método de treinamento adotado pelo cearense quando vira técnico do time é sensacional, principalmente se pensarmos na quantidade de jogadores vagabundos que temos hoje em dia. Cairia como uma luva no (insira o nome de uno time vagabundo aqui). Primeiro Didi, literalmente, solta os cachorros na equipe...


... e depois os coloca para correrem atrás de galinhas (onde que eu vi uma cena parecida?)


No mais, o filme é basicamente uma trama sobre politicagem no futebol diluída naquele vecchio drama presente em tutti filme dos Trapalhões: Didi-se-apaixona-pela-mocinha-que-depois-de-ser-salva-por-ele-acaba-ficando-com-o-galã. Curiosamente, quando Didi começou a ficar com as mocinhas, a qualidade dos filmes caiu muito (é a fase “Dominó” do grupo, com exceção de Uma Escola Atrapalhada em que Didi perde a mulher para o Marcelo Picchi).

Vale lembrar que o argumento do filme é de Renato Aragão e PELÉ. Isso mesmo! Além de Pelé achar que é cantor e achar que é ator, ele também quer se meter no roteiro dos filmes em que participa (e como roteirista, ator ou cantor, Pelé é uno ótimo jogador de futebol...). Para piorar, o argumento do filme é transformado em roteiro pelos NOVELISTAS Aguinaldo “Fina Estampa” Silva e Ricardo Linhares. Non me admira non funcionar!




O pior é que a ideia non é ruim. Troque o ambiente do futebol pelo da política tradicional e você terá uno ótimo filme de eleição. Na trama, o Dr. Velhacco (José Lewgoy, que fez muito mais filmes que o Selton Mello) e o Dr. Borges Barreto (Milton Moraes) são dois cartolas rivais que estão muito mais preocupados com o prestígio pessoal do que com o desempenho do clube, o Independência F.C.. Parece muito com os bastidores do (insira o nome de qualquer clube de futebol aqui).



Como o Dr. Borges demite o técnico do time sem consultá-lo, Dr. Velhacco, presidente interino do clube, acaba contratando para o cargo o primeiro idiota que vê pela frente – por coincidência, Didi Mocó, que aqui se chama Cardeal.


O intuito de Velhacco é o de que o time vá mal e isso desmoralize o seu adversário que demitiu o técnico original. Contudo, os métodos pocco ortodoxos de Cardeal dão certo e o time cresce no campeonato. Aliás, desde Primavera para Hitlerque cosas planejadas para dar errado acabam dando certo, já repararam?

É o Didi Mocó, mas tá parecendo o Marcelo Rezende
Empolgado com a campanha do time, o jornalista Nascimento (Pelé) lança a candidatura de Cardeal à presidência do clube. Então os dois cartolas se unem e armam o sequestro de Aninha (Luiza Brunet), a paixonite de Didi, a fim de pressioná-lo para que perca o jogo. A contragosto, Didi fica em campo para tentar treinar o time enquanto os otros Trapalhões vão resgatar a mocinha na companhia de Pelé e dos reservas do time (ECCO! Eles entram em campo sem reservas! Una várzea!)


É complicado cobrar coerência de uno filme em que o Didi cobra escanteio e corre para marcar gol de cabeça, mas se é para non seguir as regras, isso tem que ser padrão o tempo todo. Exemplo: Quando os Trapalhões resgatam Aninha, o time está com 9 em campo, sendo que o goleiro acabou de ser expulso. Cardeal afirma com todas as letras que está inscrito no campeonato como atleta e entra em campo. Tudo OK, se non fosse o fato dele colocar como goleiro o Nascimento, que nem atleta é e que ele nem menciona como sendo inscrito no campeonato. Afinal, a inscrição de uno jogador é o non é necessária? Se non é, por que é citada no texto? Non tem goleiro reserva no Independência?


O goleiro titular dos caras parece o Sérgio, reserva do Marcos no Palmeiras

Outra mancada do filme é o fato de, em determinado momento, Pelé contar a história de uno “fantasma do Maracanã”, e o tal fantasma non dar as caras no jogo, embora implicitamente, ele tenha ajudado o Independência a non tomar gol.

Homenagem ao Zagallo?
A propósito, se Pelé non conseguiu fazer uno gol do meio de campo, aqui ele consegue fazer gol de tiro de meta, portanto, mais uno para sua coleção (se o Romário pode contar gol de treino, por que o Pelé non pode contar gol de filme?)

Total de gols de Pelé: 1284



Muito do que eu escrevi o Felipe M. Guerra já tinha escrito no Filmes para Doidos. Se acham este filme aqui ruim, esperem até ver o próximo.

"Outro filme ruim? Aqui ó!"
O filme inteiro está disponível no You Tube


Cotação:

5/10 cabeças de cavalo – Melhor que cobrir política interna de clube.

Fontes:

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